Foto de um pano multicolorido estendido, que em cima dele tem vários pratos plástico com comida dentro e um copo de plástico com suco ao lado deles, os pratos formam um círculo, no centro tem um prato com três velas acessas.
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Transmissão de saberes em festas populares Olhares do Território do Brincar

É setembro, é Festa para Cosme e Damião!

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Ô Cosme cadê Damião?

Ô Cosme cadê Damião?
Tá em casa fazendo a oração.
Cadê ele?
Tá em casa fazendo a oração.
Cadê ele?
Em casa fazendo a oração.

São sete crianças, sete cantigas e uma diversidade de tipos de comidas servidos em cada prato, sob uma toalha estampada, disposta no chão. É setembro, é Festa para Cosme e Damião.

Creuza, uma mãe de Santo de Salvador, que tem casa em Itapema (praia vizinha de Acupe) passou dias e dias no preparo do caruru de Cosme e Damião. Dias em família, daquelas de sangue e a estendida, ao redor de mesas no preparo de tão generosa festa. O preparo das comidas, da decoração, das músicas, é onde a alma festiva pede licença para chegar, se instaura e dá espaço para o que está por vir.

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Caruru, vatapá, milho branco, feijão preto, feijão fradinho, ximxim de galinha, arroz branco, farofa de mel, banana da terra frita, amendoim assado, coco seco cortado em tirinhas, inhame, abóbora, batata doce, pipoca, rapadura, cana cortada, acarajé e abará. Cada prato com uma pequena porção dessas comidas, estabelece um diálogo com cada orixá, e ingere-se ali proteção, respeito e sabedoria.

Enquanto as sete crianças comem, sem talheres, só com as mãos, os adultos, organizadores da festa, cantam sete cantigas para Cosme e Damião.

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Ao final esses meninos recebem doces, brindes e um bocado de sorrisos dos adultos que organizaram essa celebração infantil ao modo tão sincrético.

Terminada essa refeição das crianças, um a um os convidados são fartamente servidos pelos anfitriões, com tudo o que foi oferecido às crianças.

De portas abertas para toda a comunidade o caruru é de todos, é para quem quiser vir e desfrutar da fartura oferecida com tanto empenho e devoção dos anfitriões. Quem nunca participou estranha a liberdade de adentrar e ser recebido com tamanha generosidade e gratidão. Uma experiência com tempero de esperança, onde a criança é o foco central.

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Texto e fotos: Renata Meirelles

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