Foto de um garoto sem camisa, ele está segurando vário peixes em sua mão.
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Olhares do Território do Brincar Meninos Caçadores

Pescaria

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Quem tem linha? Quem tem anzol? Só achar essas coisas já é uma bela caçada para os meninos.

Ajeitar o necessário para o brincar, ou no caso para pescar, é a própria brincadeira. Os meninos de Tatajuba estão sempre tentando achar o que precisam, seja latas, anzol, madeira, palha de carnaúba, talo de folha de coqueiro, isopor, plástico, enfim, a matéria-prima para concretizar o brinquedo em si.

Essa etapa é fundamental no brincar, é como uma porta que se abre ao desejo.

Anzol e linhas em mãos caminhamos até única ponte de Tatajuba para a próxima etapa do brincar: caçar iscas.

Com pedras nas mãos e nas baladeiras os meninos fecham um dos olhos para não errar a mira. A marinha farinha (tipo de siri usado como isca), parte ao meio se o lance é certeiro.

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O buzo, outro tipo de isca, é dessas conchinhas que escondem um bichinho dentro, muito parecido com uma aranha. Esse é mais fácil de pegar, mas não de encontrar.

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O siri mole também serve e ele fica caminhando dentro d’água até que alguém consiga prende-lo com um pau e depois pegá-lo com a mão. A pegada é um ato de coragem, tem que ser do jeito certo, senão leva uma mordida.

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Colecionam algumas iscas para só então passar para a última etapa: a pescaria em si. Abrem as iscas, retiram as escassas carnes dentro delas e colocam nos anzóis.

O olho vai dentro d’água para tentar enxergar o peixe. A pesca é sem vara, só na linha mesmo. A sensibilidade dos dedos é requisitada nesse momento, um pequeno movimento da linha e o gesto precisa ser rápido.

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Antônio pescou um baiacu, o peixe incha e come o anzol quebrando a linha. Querem tirar a todo custo o anzol da barriga do peixe, mas ninguém trouxe uma faca. Antônio me apresenta as ostras que o baiacu comeu só apalpando sua barriga. Conhecem tudo sobre os riscos de envenenamento caso alguém coma esse peixe. É o fígado dele que traz o veneno, nos ensinam. Querem nos mostrar o fígado e todos os órgãos. São mestres em anatomia dos bichos, investigam por dentro, buscam conhecer a vida na própria vida

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Quanto saberes vivenciados por esses meninos em uma manhã de pescaria!

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Texto e fotos: Renata Meirelles

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